Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/2965
Tipo documento: Dissertação
Título: Direitos de jovens na escola de tempo integral : tensões e perspectivas em narrativas de estudantes de ensino médio
Autor(es): Marques, Danielle Araújo Ferreira
Orientador(a): Mariano, Carmem Lúcia Sussel
Membro da Banca: Mariano, Carmem Lúcia Sussel
Membro da Banca: Cunha, Érika Virgílio Rodrigues da
Membro da Banca: Pátaro, Cristina Satiê de Oliveira
Resumo : A implementação dos direitos de participação, liberdade e respeito de crianças e jovens nos contextos escolares ainda percorre uma série de dificuldades. A representação de crianças e jovens como seres incompletos, incompetentes e vulneráveis e a prevalência da ideia de um “sujeito racional” que só se constitui quando se atinge a idade adulta, contribuiu para a desqualificação desses sujeitos como seres pensantes e políticos. A presente investigação, integrada ao Grupo de Pesquisa em Infância, Juventude e Cultura Contemporânea – GEIJC/UFMT, teve como objetivo analisar narrativas de jovens estudantes sobre as suas experiências e percepções de como os direitos de participação, liberdade e respeito são vivenciados no contexto de uma escola de ensino médio de tempo integral. Utilizamos como aporte teórico a Sociologia da Infância, compreendendo as crianças e jovens como uma categoria social subordinada que sofre impactos ante uma estrutura social marcada por desigualdades de gênero, de classe, raciais e, também, etárias. Optamos pela utilização da pesquisa-intervenção, em uma abordagem qualitativa, através da realização de entrevistas e rodas de conversa com jovens que cursam o 2º ano do ensino médio em uma escola pública estadual, de tempo integral, do município de Rondonópolis-MT. As análises das narrativas estão estruturadas em três eixos, que, apesar de serem apresentados separadamente, dialogam entre si e convergem na tentativa de reflexão sobre o objeto da pesquisa. De maneira geral, observamos as tensões que permeiam o modelo de ensino em tempo integral, assim como as contradições nos discursos dos estudantes em relação ao papel da escola e à função docente. As análises desenvolvidas no terceiro eixo indicam que os jovens percebem de maneira restrita a participação nas decisões relacionadas às atividades de ensino-aprendizagem desenvolvidas na escola, apontando possibilidades de escolha apenas no que se refere às disciplinas “eletivas” que compõem o novo currículo do ensino médio. A participação e o “protagonismo juvenil” veiculados nos discursos relacionados à reforma do ensino médio parecem, assim, se restringir às “escolhas” relacionadas a essas disciplinas, não ocorrendo em relação às demais atividades ou às normas e regras da instituição, cujas decisões permanecem ainda reservadas aos adultos. Apesar de avaliarem que seria importante participar desses processos, os alunos apontam, entretanto, um descrédito em relação ao comprometimento de todos, inclusive dos próprios pares, na efetivação dessas possíveis ações ou na organização coletiva dos jovens, o que nos pareceu uma reprodução dos discursos que representam pejorativamente a juventude na sociedade. Ainda, essa participação pode parecer uma possibilidade inusitada para eles/as, já que possuem poucas ou quase nenhuma oportunidade de participar de processos políticos, dentro ou fora da escola. Essa situação denota o quanto os jovens são desqualificados enquanto sujeitos pensantes e capazes de participar como atores sociais e políticos relevantes nesse espaço, o que indica a necessidade da discussão permanente da amplitude dos direitos a eles/as garantidos, mormente os de participação, assim como do estabelecimento efetivo de canais de participação, para além do que parece estar sendo difundido nos atuais discursos reformistas.
Resumo em lingua estrangeira: The implementation of the rights of participation, freedom and respect of children and young people in school contexts still faces several difficulties. The representation of children and young people as incomplete, incompetent and vulnerable human beings and the prevalence of the idea of a "rational individual" that only constitutes oneself when it reaches adulthood, contributed to the disqualification of these individuals as thinking and political beings. The present research, integrated to the Research Group on Childhood, Youth and Contemporary Culture - GEIJC / UFMT, aimed to analyze narratives of young students about their experiences and perceptions of how the participation, freedom and respect rights are experienced in the context of a full-day high school. We utilized the Sociology of Childhood as theoretical contribution, understanding the children and young people as a subordinate social category that suffers impacts over a social structure marked by inequalities of gender, class, racial and age. We chose to use the intervention research in a qualitative approach by conducting interviews and conversations with young people who attend the 10th grade in a full-day state public school in the city of Rondonópolis-MT. The analyzes of the narratives are structured in three axes, which, although presented separately, dialogue with one another and converge in the attempt to reflect on the object of the research. In general, we observed the tensions that permeate the model of full-day high school, as well as the contradictions in students' discourses regarding the role of the school and the teaching function. The analysis developed in the third axis indicate that young people perceive in a restricted way the participation in the decisions related to the teaching and learning activities developed in the school, pointing out possibilities of choice only in regard to the "elective" disciplines that compose the new high school curriculum. Participation and "youth protagonism" in discourses related to the reform of secondary education seem therefore to be restricted to the "choices" related to these disciplines, not occurring in relation to the other activities or to the norms and rules of the institution, whose decisions remain reserved for adults. Although they evaluate that it would be important to participate in these processes, the students point out, however, a discredit in relation to the commitment of everyone, including the peers themselves, in the accomplishment of these possible actions or in the collective organization of the young people, which seemed to us a reproduction of the speeches which pejoratively represent youth in society. Still, such participation may seem to be an unusual possibility for them, as they have little or no opportunity to participate in political processes, either in or out of school. This situation denotes how young people are disqualified as thinking subjects and able to participate as relevant social and political actors in this context, which indicates the need for a permanent discussion of the extent of the rights guaranteed to them, especially those of participation, as well as the effective establishment of channels of participation, in addition to what appears to be widespread in current reformist discourses.
Palavra-chave: Juventude
Direitos de participação na escola
Educação
Palavra-chave em lingua estrangeira: Youth
Participation rights at school
Education
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUR - Rondonopólis
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) – Rondonópolis
Programa: Programa de Pós-Graduação em Educação - Rondonópolis
Referência: MARQUES, Danielle Araújo Ferreira. Direitos de jovens na escola de tempo integral: tensões e perspectivas em narrativas de estudantes de ensino médio. 2018. 160 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Rondonópolis, 2018.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/2965
Data defesa documento: 23-Feb-2018
Aparece na(s) coleção(ções):CUR - ICHS - PPGEdu - Dissertações de mestrado

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