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http://ri.ufmt.br/handle/1/4188
Tipo documento: | Dissertação |
Título: | Dimensão político-social da comunicação entre adolescentes e enfermeiros no pré-natal |
Autor(es): | Gonçalves, Tuany Petúnia Carvalho |
Orientador(a): | Mandú, Edir Nei Teixeira |
Membro da Banca: | Mandú, Edir Nei Teixeira |
Membro da Banca: | Souza, Solange Pires Salomé de |
Membro da Banca: | Marcon, Sonia Silva |
Membro da Banca: | Serafim, Deise |
Resumo : | Objetivou-se analisar a dimensão sociopolítica da comunicação entre adolescentes gestantes e enfermeiros em situações assistenciais da Estratégia Saúde da Família (ESF), para evidenciar os sentidos sociais dos discursos que ambos mobilizam, os lugares que ocupam na inter-relação e as estratégias que empreendem na luta simbólica para se fazer reconhecer. Todo processo comunicacional é político-social. Quer dizer, é ação que tanto mobiliza discursos e sentidos construídos pelas pessoas e as comunidades discursivas às quais pertencem, a partir de variadas fontes e vozes sociais, como envolve/partilha negociação e/ou imposição de sentidos entre os envolvidos, como parte da luta pelo predomínio dos sentidos que portam e representam. No processo, os participantes ocupam posições simbólicas mutáveis, de maior, de igual ou menor poder, para o que desenvolvem estratégias de acordo com interesses sociais. Pesquisa qualitativa interpretativa realizada, entre março e dezembro de 2016, em duas unidades da ESF de Cuiabá, por meio de observação participante dos encontros de pré-natal entre enfermeiras e 21 adolescentes, e entrevistas em profundidade com estas, com o auxílio de roteiro semiestruturado. A análise do empírico fundamentou-se nas categorias analíticas comunicação e mercado simbólico, discutidas por Inesita Araújo, e prática discursiva, sentidos, ideologia, hegemonia e poder da Análise Crítica do Discurso de Fairclough. O discurso da enfermeira compõe-se, sobretudo, de fragmentos do saber técnico-científico biomédico e de saberes de senso comum, construídos em suas experiências e no contato com meios de comunicação que veiculam ideias sobre comportamentos saudáveis em saúde. Adolescentes também exprimem saberes construídos a partir do discurso biomédico, com base no qual compreendem o pré-natal como espaço de verificação da saúde do bebê e da saúde física de sua gravidez. Foram percebidos sentidos divergentes no que tange à gravidez na adolescência, uma vez que as enfermeiras consideram não ser o momento oportuno e as adolescentes percebem essa experiência de maneira estritamente positiva. Também se evidenciou que o modelo comunicacional no pré-natal se caracteriza por forte diretividade da enfermeira, e por um modo mecânico, informacional e repetitivo de comunicar-se, em bases heterônomas e inespecíficas. A profissional ocupa, quase que permanentemente, um lugar central na interlocução e de maior poder. Para tal, utiliza-se de várias estratégias de controle para manter as adolescentes em posição periférica: eleva o tom de voz, interrompe-as, as recriminam, dentre outras. As adolescentes, por sua vez, parecem passivas frente ao modelo de comunicação imposta, entretanto, tentam se fazer reconhecer e às questões que trazem, por meio de estratégias como repetição de perguntas e autodefesa de comportamentos. Entre as adolescentes, ficar calada revela-se um mecanismo de defesa, assumido por medo e recusa a colocar-se em uma situação de possível julgamento e censura, na qual há desigualdade de poder. Na prática analisada, há forte presença de relações de dominação e de deslegitimação do discurso e dos sentidos das adolescentes e esse poder simbólico díspar compromete o cuidado à saúde, uma vez que reforça o que podem ser e exercer, e o espaço social que podem ocupar, num reforço às desigualdades sociais estabelecidas de participação, oportunidades e direitos. |
Resumo em lingua estrangeira: | The objective of this study was to analyze the sociopolitical dimension of communication between pregnant adolescents and nursing care situations in the contexto of Family Health Strategy to evidence the social meanings of the discourses they both mobilize, the places they occupy in the interrelationship and the strategies they use in the symbolic fight to make themselves recognized. Every communicational process is politico-social. It is an action that mobilizes discourses and senses constructed by people and their communities, from various sources and social voices, as it involves/shares negotiation and/or imposition of meanings among those involved, as part of the fight for the predominance of the senses that carry and represent. In this process, the participants occupy changing symbolic positions, of greater, of equal or lesser power, for which they develop strategies according to social interests. The qualitative study, was performed between march and december 2016 in two units of Family Health Strategy, was performed through participant observation of the prenatal meetings between nurses and 21 pregnant adolescents, and individual interviews. The analysis of the empirical was based on the analytical categories communication and symbolic market, discussed by Inesita Araújo, and discursive practice, senses, ideology, hegemony and power of the Critical Discourse Analysis. The nurse's discourse is composed, above all, of fragments of biomedical technical-scientific knowledge and common-sense knowledge, built up in her experiences and in contact with the media that convey ideas about healthy behaviors in health. Adolescents also express knowledges built from the biomedical discourse, on the basis of which they understand prenatal care as a space for verification of the baby's health and the physical health of their pregnancy. There were divergent meanings regarding pregnancy in adolescence, while the nurses consider that this is not the right moment, the adolescents perceive this experience as positive. It was also evidenced that the communicational model in prenatal care is characterized by strong directivity of the nurse, and by a mechanical, informational and repetitive way of communicating, on a heteronomous and nonspecific basis. The professional occupies, almost permanently, a central place in the interlocution and of greater power. For this, several strategies of control are used to keep the adolescents in a peripheral position: it raises the tone of voice, interrupts them, recriminates them, etc. Adolescents, in turn, seem passive in the face of the imposed communication model, however, try to make themselves recognized and the issues they bring, through strategies such as questioning and self-defense of behavior. Being silent reveals a defense mechanism, assumed by fear and refusal to put herself in a situation of possible judgment and censorship, in which there is inequality of power. In the analyzed practice, there is a strong presence of relations of domination and delegitimation of the discourse and the senses of the adolescents and this symbolic power disparate compromises the health care, since it reinforces what they can be and exercise, and the social space that they can occupy, reinforcing the established social inequalities of participation, opportunities and rights. |
Palavra-chave: | Comunicação Cuidado pré-natal Gravidez na Adolescência Enfermagem |
Palavra-chave em lingua estrangeira: | Comunication Prenatal care Pregnancy in adolescence Nursing |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::ENFERMAGEM |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade Federal de Mato Grosso |
Sigla da instituição: | UFMT CUC - Cuiabá |
Departamento: | Faculdade de Enfermagem (FAEN) |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Referência: | GONÇALVES, Tuany Petúnia Carvalho. Dimensão político-social da comunicação entre adolescentes e enfermeiros no pré-natal. 2018. 137 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Enfermagem, Cuiabá, 2018. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://ri.ufmt.br/handle/1/4188 |
Data defesa documento: | 10-Aug-2018 |
Aparece na(s) coleção(ções): | CUC - FAEN - PPGENF - Dissertações de mestrado |
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