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http://ri.ufmt.br/handle/1/5525
Tipo documento: | Tese |
Título: | A qualidade de vida de homens trabalhadores rurais inseridos no contexto da soja |
Autor(es): | Oliveira, Jeane Cristina Anschau Xavier de |
Orientador(a): | Corrêa, Áurea Christina de Paula |
Membro da Banca: | Corrêa, Áurea Christina de Paula |
Membro da Banca: | Santos, Ediálida Costa |
Membro da Banca: | Rocha, Roseanne Montargil |
Membro da Banca: | Guimarães, Lenir Vaz |
Membro da Banca: | Vaz, Marta Regina Cezar |
Resumo : | analisar os efeitos das condições de vida, saúde e trabalho sobre a qualidade de vida dos homens trabalhadores rurais inseridos no contexto da soja. Método: trata-se de um estudo metodológico e empírico. O estudo metodológico refere-se ao processo de elaboração e validação de face e conteúdo de um instrumento de pesquisa denominado “Condições de vida e saúde de trabalhadores rurais”; e o estudo empírico trata-se de uma abordagem quantitativa, epidemiológica de recorte transversal, com amostra de 299 homens trabalhadores rurais inseridos no contexto da soja, com idade de acima de 18 anos, atuantes em fazendas e armazéns produtores e armazenadores de soja no município de Sinop-MT. Foram instrumentos da pesquisa: 1. Questionário “Condições de vida e saúde de trabalhadores rurais”, que foi construído e posteriormente validado face e conteúdo por um comitê de especialistas da área da saúde do trabalhador e saúde do homem; 2. International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) utilizado para avaliar o nível de atividade física; 3. Questionário CAGE: acrônimo referente às suas quatro perguntas (Cut down, Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener) para avaliar a dependência de álcool; 4. Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT); 5. Escala de Custo Humano do Trabalho (ECHT) para avaliar as condições de trabalho; 6. Whoqol-bref para mensurar a autoavaliação da qualidade de vida e os escores dos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente na amostra estudada. As condições de vida, saúde e trabalho foram consideradas como variáveis independentes (explicativas) e a autoavaliação da qualidade de vida e seus domínios como variáveis dependentes (desfecho). Realizaram-se análises descritivas a partir da mensuração da frequência relativa e absoluta e medidas de tendência central e dispersão (média, mediana, desvio padrão, variância e amplitude). A análise inferencial envolveu teste de normalidade Shapiro-Wilk que constatou que a amostra é constituída por dados não paramétricos. Para a análise bivariada, utilizaram-se testes de hipóteses Mann-Whitney (para variáveis com duas categorias), Kruskal-Wallis (para variáveis com mais de duas categorias) este último seguido do teste Pos Hoc de Dunn; e teste de associação (Qui-quadrado). Para analisar a correlação entre variáveis numéricas, utilizou-se o teste não paramétrico de Spearman. Para avaliar a confiabilidade das escalas, aplicou-se o teste Alpha de Cronbach. Para identificar quais escalas do contexto de trabalho mais impactaram a qualidade de vida, adotou-se a análise fatorial. Para analisar a influência conjunta das variáveis explicativas, realizou-se análise multivariada a partir da aplicação do método de regressão via Generalized Additive Models for Location, Scale and Shape (GAMLSS). Todas as análises consideraram p<0,05 como significativo. Resultados: sobre a validação de face e conteúdo, o questionário construído foi validado com IVC geral de 0,99 e com IVC acima de 0,90 para todos os domínios, demonstrando a validade e pertinência do instrumento elaborado. A autoavaliação da qualidade de vida obteve escore de 75,6 pontos; domínio físico, 80,54 pontos; psicológico, 75,66 pontos; relações sociais, 75,89 pontos; e meio ambiente, 66,90 pontos. A amostra foi composta por homens com média de idade de 34 anos; pardos (45,8%); solteiros (35%); com ensino fundamental (41%); católicos (60%); com média de 1,41 filho; naturais do Maranhão (29%); que dormem no trabalho (58%); que utilizam transporte próprio (66%); com carteira assinada (98%); não sindicalizados (66%); desenvolvendo a função de operadores de máquinas agrícolas (29%); com média de renda mensal de 2.141,92 reais e renda real de 3.195,46 reais na safra; com carga horária média de 45 horas semanais fora da safra e de 73 horas semanais na safra; com média de 10 anos de trabalho rural e 7 anos de trabalho na soja. A maior parte dos trabalhadores encontrava-se em sobrepeso (42%); com risco cardiovascular de moderado a alto (64,6%); 42,1% com pressão arterial fora dos padrões de normalidade; 17% eram tabagistas; 14% eram dependentes de álcool; 8,4% usam medicação diariamente; 29,8% eram sedentários; 30% manipulavam agrotóxicos; 16,4% sofreram acidente no trabalho em algum momento de suas vidas; 55,5% contaram sofrer exposição solar laboral; 53,5% não usam protetor solar; 68,6% relataram exposição a ruídos; 43,1% mencionaram exposição à vibração; 62,9% disseram sofrer exposição à poeira; 97% descreveram utilização de EPIs; 73,6% afirmaram ter recebido capacitação em segurança no trabalho; 27,1% referiram ter se ausentado do trabalho por motivo de saúde; 27,1% relataram queixas de saúde; 10% informaram ter diagnóstico de morbidade; 60% buscaram por serviços de saúde. Sobre as condições de trabalho, 78,9% consideraram suas condições de trabalho satisfatórias; 65,2% afirmaram que a organização do trabalho é crítica; 76,3% asseguraram que as relações socioprofissionais são satisfatórias; 63,9% consideraram o custo físico crítico; 54,8%, custo cognitivo crítico; e 67,6%, custo afetivo satisfatório. De forma geral, as variáveis que exerceram efeito positivo na qualidade de vida e seus domínios foram a prática de atividade física; o custo cognitivo e afetivo; o tempo de trabalho na soja; dormir no trabalho; ser sindicalizado; carga horária na safra; e exposição solar. As variáveis que exerceram efeitos negativos na qualidade de vida e seus domínios foram queixas e diagnóstico de morbidade; risco cardiovascular; exposição a ruídos e à poeira; uso do serviço de saúde privado; dependência de álcool; uso de medicamento; relações socioprofissionais; uso de transporte público; número de filhos; acidente no trabalho; e ausência no trabalho por motivos de saúde. Conclusão: os fatores que mais impactaram a qualidade de vida dos trabalhadores rurais relacionaram-se às condições de saúde dos trabalhadores (usar medicamento, ter queixas e diagnósticos de morbidade, utilização dos serviços de saúde, a exposição aos estressores (ruídos e poeira), sedentarismo, dependência de álcool). As condições de trabalho, com enfoque especial para as relações socioprofissionais decorrentes da atividade laboral, impactaram negativamente na qualidade de vida dos trabalhadores investigados. |
Resumo em lingua estrangeira: | to analyze the effects of life, health and work conditions on the quality of life of male rural workers inserted in the soybean cultivation. Method: this is a methodological and empirical study. The methodological study refers to the process of elaborating and validating the face and content of a research instrument called “Life and health conditions of rural workers”; as for the empirical study, this is a quantitative and epidemiological approach, with a cross-sectional cutout, including a sample of 299 male rural workers inserted in the soybean cultivation, aged between 18 and 64 years old, working in farms and warehouses for producing and storing soybeans in the town of Sinop-MT. The research instruments were: 1. Questionnaire “Life and health conditions of rural workers”, which was built and, subsequently, had its face and content validated by a committee of experts in the areas of worker’s health and men’s health; 2. International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), used to assess the level of physical activity; 3. CAGE Questionnaire: acronym for its four questions (Cut down, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener), in order to assess alcohol addiction. 4. Work Context Assessment Scale (EACT, as per its Portuguese acronym). 5. Human Labor Cost Scale (ECHT, as per its Portuguese acronym), in order to assess work conditions; 6. Whoqol-bref, in order to measure the self-assessment of quality of life and the scores of the physical, psychological, social relations and environment domains in the studied sample. The life, health and work conditions were considered as independent variables (explanatory) and the self-assessment of quality of life and its domains were considered as dependent variables (outcome). Descriptive analyzes were performed based on the measurement of relative and absolute frequencies and measures of central tendency and dispersion (mean, median, standard deviation, variance and breadth). The inferential analysis involved a Shapiro-Wilk normality test that found that the sample consists of non-parametric data. In order to perform the bivariate analysis, Mann- Whitney hypothetical tests were used (for variables with two categories); Kruskal-Wallis (for variables with more than two categories) the latter followed by Dunn's Post Hoc test; and association test (Chi- square). In order to analyze the correlation between numerical variables, Spearman’s nonparametric test was used. In order to assess the reliability of the scales, Cronbach’s Alpha test was applied. In order to identify the scales in the work context that have the most impact on quality of life, factor analysis was applied. In order to analyze the joint influence of the explanatory variables, multivariate analysis was performed using the regression method via Generalized Additive Model for Location, Scale and Shape (GAMLSS). All analyzes considered p<0.05 as significant. Results: regarding the face and content validation, the questionnaire was validated with a general CVI of 0.99 and with a CVI above 0.90 for all domains, thus demonstrating the validity and relevance of the elaborated instrument. The self- assessment of quality of life obtained a score of 75.6 points; physical domain, 80.54 points; psychological, 75.66 points; social relationships, 75.89 points; and environment, 66.90 points. The sample consisted of men with a mean age of 34 years; browns (45.8%); singles (35%); with elementary education (41%); Catholics (60%); with a mean of 1.41 children; born in Maranhão (29%); who are “live- in” employees (58%); who use their own transport (66%); with a formal contract (98%); non-union members (66%); developing the role of agricultural machinery operators (29%); with a mean monthly income of 2,141.92 Brazilian reais and a real income of 3,195.46 Brazilian reais in the harvest; with a mean workload of 45 hours per week outside the harvest and 73 hours per week during the harvest; with a mean of 10 years of rural work and 7 years of work with soy. Most of the workers were overweight (42%); with moderate to high cardiovascular risk (64.6%); 42.1% with blood pressure outside normal standards; 17% were smokers; 14% were alcohol addicts; 8.4% use medication daily; 29.8% were sedentary; 30% manipulated pesticides; 16.4% suffered an accident at work at some point in their lives; 55.5% said they were exposed to sunlight at work; 53.5% do not use sunscreen; 68.6% reported exposure to noise; 43.1% mentioned exposure to vibration; 62.9% said they were exposed to dust; 97% described the use of PPE; 73.6% stated that they received training on occupational safety; 27.1% reported having been absent from work for health reasons; 27.1% reported health complaints; 10% reported having a diagnosis of morbidity; 60% sought health services. Regarding work conditions, 78.9% considered their work conditions to be satisfactory; 65.2% stated that the work organization is critical; 76.3% claimed that socio-professional relationships are satisfactory; 63.9% considered the physical cost to be critical; 54.8% critical cognitive cost; and 67.6% satisfactory affective cost. In general, the variables that had a positive effect on quality of life and its domains were: the practice of physical activity; the cognitive and affective cost; the time spent working in soybean farms; the fact of being “live-in” employees; being unionized; workload during the harvest; and sun exposure. The variables that had negative effects on quality of life and its domains were: complaints and diagnosis of morbidity; cardiovascular risk; exposure to noise and dust; use of the private health service; alcohol addiction; medication use; socio-professional relationships; use of public transport; number of children; accident at work; and absence from work for health reasons. Conclusion: the factors that most impacted the quality of life of rural workers were related to the health conditions of these workers (using medication, having complaints and diagnoses of morbidity, use of health services, exposure to stressors [noise and dust], sedentary lifestyle, alcohol addiction). Work conditions, with a special focus on socio-professional relationships resulting from work activity, produced a negative impact on the quality of life of the investigated workers. |
Palavra-chave: | Saúde do trabalhador rural Saúde do homem Qualidade de vida Condições de vida Condições de saúde Condições de trabalho |
Palavra-chave em lingua estrangeira: | Rural worker’s health Men’s health Quality of life Life conditions Health conditions Work conditions |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::ENFERMAGEM |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade Federal de Mato Grosso |
Sigla da instituição: | UFMT CUC - Cuiabá |
Departamento: | Faculdade de Enfermagem (FAEN) |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Referência: | OLIVEIRA, Jeane Cristina Anschau Xavier de. A qualidade de vida de homens trabalhadores rurais inseridos no contexto da soja. 2020. 266 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Enfermagem, Cuiabá, 2020. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://ri.ufmt.br/handle/1/5525 |
Data defesa documento: | 30-Jun-2020 |
Aparece na(s) coleção(ções): | CUC - FAEN - PPGENF - Teses de doutorado |
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