Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/5964
Tipo documento: Dissertação
Título: Sentido(s) de participação e controle em dicionários de/sobre saúde e língua
Autor(es): Leite, Lucas Rodrigo Batista
Orientador(a): Palos, Cassia Maria Carraco
Coorientador: Pfeiffer, Claudia Regina Castellanos
Membro da Banca: Palos, Cassia Maria Carraco
Membro da Banca: Castellanos Pfeiffer, Claudia Regina
Membro da Banca: Barsaglini, Reni Aparecida
Membro da Banca: Correa, Carlos Roberto Silveira
Resumo : A questão discursiva atravessa a História das Ideias em Saúde, ou seja, o processo político, social e histórico de construção-institucionalização das ideias de/em saúde no Brasil, cujo marco mais recente é a constituição da Reforma Sanitária Brasileira (RSB) e da Saúde Coletiva e, consequentemente, do Sistema Único de Saúde. Particularmente na RSB, a disputa por sentidos estava sempre na pauta, tanto no espaço da produção de novos conhecimentos (que culminou na constituição da Saúde Coletiva) quanto na formulação de estratégias políticas que possibilitassem o avanço do movimento em curso. É nesse duplo espaço que participação e controle começam a circular, como parte das reivindicações da RSB, sendo que desde as primeiras concepções reformistas, não havia concordância entre Estado (e seus representantes) e movimento pela RSB, quanto a essa pauta. Tendo isso em vista, e inserido na linha de pesquisa Políticas e Gestão em Saúde do Curso de Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, o presente estudo visa a compreender o modo como participação e controle significam/são significados em dicionários de saúde e de língua, entre os séculos XVIII e XXI. Trata-se de estudo discursivo, fundamentado nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de Michel Pêcheux, em especial, a partir das leituras, deslocamentos e avanços teóricos produzidos por Eni Orlandi, no Brasil. O corpus do presente estudo é composto por 09 dicionários de língua - Bluteau (1720), Moraes Silva (1789), Pinto (1832), Aulete (1881), Figueiredo (1913), Nascentes (1966, Aurélio (1972), Aurélio (1986) e Aurélio (1999) - e por 02 dicionários de saúde/DEPS - Pereira e Lima (2006) e Pereira e Lima (2008). O estudo permitiu compreender que participação remete a participar, assim como controle remete a controlar, de modo que esses verbetes se atravessam. Enquanto ato e efeito, tanto participar quanto controlar implicam em ação/movimento, cujos exemplos, principalmente a partir do séc. XX, mobilizam sentidos de base econômica, que também sustentam a denominação participação comunitária/da comunidade. Participar, em seu modo de significar, aponta para parte, comunicar, associar, que produzem sentidos de participar como divisão e/ou relação. Já controle aponta, entre outros, para fiscalizar, que implica em examinar, vigiar, observar, censurar, sindicar, sendo que essa penúltima definição foi substituída pela última, nos dicionários elaborados no contexto da redemocratização brasileira. Esse movimento de leitura dos dicionários de língua(s) é fundamental para ampliar a compreensão sobre o modo como participação e controle são significados na saúde, pois é preciso levar em consideração que essas palavras já possuem sentidos que as atravessam, mesmo que não ditos. Nos dicionários da saúde, constam os verbetes controle social e participação social, cujos autores situam-se nas ciências sociais e humanas, e cuja origem dos verbetes é atribuída à sociologia, o que já define um percurso de sentidos, em detrimento de vários outros possíveis, como os mobilizados por participação comunitária – cuja base é o projeto desenvolvimentista internacional - e participação popular – que eclode junto aos movimentos populares. Tanto controle social quanto participação social, no modo como são ditos no DEPS (2008) convergem para o efeito de institucionalização de espaços de participação, como os conselhos e conferências de saúde, e, por isso mesmo são ditos enquanto sinônimos. Procura-se mostrar nesse gesto de análise que as palavras têm história, e que essa história significa quando se seleciona uma ou outra palavra. Além disso, procura-se mostrar que elas se filiam a uma ou outra região de sentido e, consequentemente, a uma ou outra formação ideológica, de tal forma que, toda tomada de palavra é, ao mesmo tempo, uma filiação com os sentidos que ela mobiliza. Por isso, defende-se que qualquer política (de saúde), é, antes, uma política de língua(gem), uma política discursiva, pois, ao “escolher” determinados termos em detrimento de outros, ao dar visibilidade a determinadas questões fazendo silenciar outras, ao se “escolher” uma tipologia de participação em detrimento de outras, ao “vincular-se” a uma teoria no lugar de outras, já está se formulando a partir de determinados pastos, em dadas condições: entra-se na ordem da língua(gem), mesmo que não se diga dela/sobre ela.
Resumo em lingua estrangeira: The discursive question crosses the History of Ideas in Health, that is, the political, social and historical process of construction-institutionalization of ideas about/in health in Brazil, whose most recent milestone is the constitution of the Brazilian Sanitary Reform (RSB) and the Collective Health and, consequently, the Unified Health System. Particularly at RSB, the dispute for meanings was always on the agenda, both in the space for the production of new knowledge (which culminated in the constitution of Collective Health) and in the formulation of political strategies that would enable the advancement of the ongoing movement. It is in this double space that participation and control begin to circulate, as part of the RSB's claims, and since the first reformist conceptions, there was no agreement between the State (and its representatives) and the movement for the RSB, regarding this agenda. Bearing this in mind, and inserted in the line of research Politics and Management in Health of the Master's Course in Collective Health at the Federal University of Mato Grosso, the present study aims to understand the way in which participation and control mean/are meant in health dictionaries and language, between the 18th and 21st centuries. This is a discursive study, based on the theoretical-methodological assumptions of Michel Pêcheux's Discourse Analysis, in particular, based on the readings, displacements and theoretical advances produced by Eni Orlandi, in Brazil. The corpus of the present study is composed of 09 language dictionaries - Bluteau (1720), Moraes Silva (1789), Pinto (1832), Aulete (1881), Figueiredo (1913), Nascentes (1966), Aurélio (1972), Aurélio (1986) and Aurélio (1999) - and by 02 health dictionaries/DEPS - Pereira and Lima (2006) and Pereira and Lima (2008). The study made it possible to understand that participation refers to participating, as well as control refers to controlling, so that these entries are related. As an act and an effect, both participating and controlling imply action/movement, whose examples, mainly from the 20th and 20th centuries, mobilize economic-based meanings, which also support the denomination community/community participation. Participating, in its way of meaning, points to part, to communicate, to associate, which produce meanings of participating as a division and/or relationship. Control, on the other hand, points, among other things, to inspection, which implies examining, inspecting, observing, censoring, syndicating, and this penultimate definition was replaced by the last one, in the dictionaries created in the context of Brazilian redemocratization. This movement of reading the language(s) dictionaries is essential to broaden the understanding of how participation and control are meant in health, as it is necessary to take into account that these words already have meanings that cross them, even if unspoken. In health dictionaries, there are the entries social control and social participation, whose authors are located in the social and human sciences, and whose origin of the entries is attributed to sociology, which already defines a course of meanings, to the detriment of several other possible ones, such as those mobilized by community participation – whose basis is the international development project - and popular participation – which erupts with popular movements. Both social control and social participation, in the way they are said in the DEPS (2008) converge to the effect of institutionalizing participation spaces, such as health councils and conferences, and, for this very reason, are said to be synonymous. In this analysis gesture, we tried to show that words have a history, and that this history means when one or another word is selected. In addition, we try to show that they are affiliated to one or another region of meaning and, consequently, to one or another ideological formation, so that every taking of words is, at the same time, an affiliation to the meanings that it mobilizes. Thus, it is argued that any (health) policy is, rather, a language policy, a discursive policy, because, by “choosing” certain terms over others, by giving visibility to certain issues, silencing others, by “ choosing” a typology of participation over others, by “binding oneself” to a theory in the place of others, is already formulated from certain places, under given conditions: one enters the order of language, even if one does not say of/about her
Palavra-chave: Saúde coletiva
Análise de discurso
Participação
Controle
Reforma sanitária brasileira
Discurso lexicográfico
Palavra-chave em lingua estrangeira: Collective health
Discourse analysis
Participation
Control
Brazilian sanitary reform
Lexicographic discourse
CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva (ISC)
Programa: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Referência: LEITE, Lucas Rodrigo Batista. Sentido(s) de participação e controle em dicionários de/sobre saúde e língua. 2022. 121 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Saúde Coletiva, Cuiabá, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/5964
Data defesa documento: 13-Dec-2022
Aparece na(s) coleção(ções):CUC - ISC - PPGSC - Dissertações de mestrado

Arquivos deste item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
DISS_2022_Lucas Rodrigo Batista Leite.pdf2.37 MBAdobe PDFVer/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.