Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/6498
Tipo documento: Dissertação
Título: Conexões entre violências e participação política nos mandatos de vereadoras lésbicas eleitas em 2020 no Brasil
Autor(es): Feiten, Taise Fernanda
Orientador(a): Irineu, Bruna Andrade
Membro da Banca: Irineu, Bruna Andrade
Membro da Banca: Cordeiro, Ana Luisa Alves
Membro da Banca: Souza, Simone Brandão
Resumo : Essa dissertação investiga quais as conexões entre violências e participação política de vereadoras assumidamente lésbicas eleitas em 2020. A pesquisa refletiu sobre como relações de poder implicam na desumanização de lésbicas, que são atravessadas por questões de gênero e de sexualidade, reduzindo a representatividade política dessa população. No cerne dessa discussão, a lesbofobia se configura como ferramenta para punir as lésbicas, já que elas não estão inteligíveis enquanto mulheres sob a ordem compulsória de sexo, gênero e desejo. O objetivo é conhecer quem são essas vereadoras lésbicas eleitas em 2020, apresentando dados envolvendo Estado/Região; onde foi eleita; Partido pelo qual foi eleita; Idade; Cor/Raça e Escolaridade. Caracterizar o perfil dessas sujeitas nos permitiu observar que é preciso interseccionar o debate, considerando que os marcadores sociais de diferenças atuam e refletem em quais lésbicas ocupam a esfera política. Em seguida, buscamos nos perfis do Instagram, postagens de denúncias realizadas por essas parlamentares de violências sofridas no exercício da função de vereança. Descobrimos que a participação política delas são permeadas por lesbofobia a qual organizamos em: 1 – Denúncia de comentários estigmatizantes lesbofóbicos. As lésbicas são estigmatizadas pelo sexo que as marcam enquanto mulheres e pela sexualidade marcando-as enquanto lésbicas. Nossas buscas mostraram que as vereadoras sofrem ataques constantes em relação a suas vestimentas, cabelos, aos espaços que ocupam, e são chamadas com frequência de aberrações. 2 – Denúncia de violência sexual. Violência utilizada para regular, através do medo do assédio e estupro, os horários e lugares onde as mulheres podem ou não acessar. Não só atua com essa função, mas age determinando como as mulheres devem se relacionar com os homens, considerando que as não classificadas para se casar ou desviantes devem ou podem ser estupradas. Neste estudo, uma vereadora foi beijada sem seu consentimento por outro parlamentar, na Câmara. Encontramos outros casos de ameaças de estupro como forma de curar homossexualidade feminina. 3 – Denúncia de ameaça de morte. As vereadoras recebem ameaças incessantes de morte e nelas há referência da orientação sexual e também do assassinato de Marielle Franco. 4 – Denúncia de interrupções de falas. As mulheres são socialmente, historicamente e culturalmente desacreditadas sobre aquilo que dizem, gerando consequências quando são violentadas, visto que geralmente não valorizam o que elas dizem. Em relação a isso, verificamos denúncias de vereadoras sobre serem interrompidas ou ignoradas enquanto falavam. Por fim, mapeamos as proposições apresentadas por essas vereadoras para a comunidade LGBTQIA+ em seus mandatos. Com base na Análise de Discurso Crítica, a pesquisa desvelou que a linguagem sendo um conjunto articulado de signos e signos servindo para significar algo e, por isso, construído na sociedade com objetivos específicos, que o ato de injúria é utilizado para produzir e manter estigmas lesbofóbicos. A participação de lésbicas na esfera política não é apenas uma questão de representatividade, mas necessária para a construção de uma sociabilidade mais justa. É preciso explorar os caminhos para a criação de ambientes políticos livres de violência, onde as pessoas, com suas diferenças, possam contribuir significamente para o avanço da democracia.
Resumo em lingua estrangeira: This dissertation investigates the connections between violence and political participation of openly lesbian councilors elected in 2020. The research reflected on how power relations imply the dehumanization of lesbians, who are crossed by issues of gender and sexuality, reducing the political representation of this population. At the heart of this discussion, lesbophobia is configured as a tool to punish lesbians, since they are not intelligible as women under the compulsory order of sex, gender, and desire. The objective is to find out who these lesbian councilors elected in 2020 are, presenting data involving the State/Region; where she was elected; the Party for which she was elected; Age; Color/Race, and Education. Characterizing the profile of these subjects allowed us to observe that it is necessary to intersect the debate, considering that social markers of differences act and reflect on which lesbians occupy the political sphere. Next, we searched Instagram profiles for posts reporting complaints made by these parliamentarians of violence suffered while serving as councilors. We discovered that their political participation is permeated by lesbophobia which we subcategorized into: 1 – Reporting stigmatizing lesbophobic comments. Lesbians are stigmatized by the sex that marks them as women and by the sexuality that marks them as lesbians. Our searches showed that councilors suffer constant attacks regarding their clothing, hair, and the spaces they occupy and are often called freaks. 2 – Reporting sexual violence. Violence is used to regulate, through fear of harassment and rape, the times and places where women can or cannot access. It not only acts with this function but also determines how women should relate to men, considering that women who are not classified as marriageable or deviant should or can be raped. In this study, a councilor was kissed without her consent by another parliamentarian, in the Chamber. We found other cases of rape threats as a way to cure female homosexuality. 3 – Report of a death threat. Councilors receive incessant death threats and in them, there is reference to sexual orientation and also the murder of Marielle Franco. 4 – Reporting speech interruptions. Women are socially, historically, and culturally discredited about what they say, generating consequences when they are violated, since what they say has no value. About this, we verified complaints from councilors about being interrupted or ignored while speaking. Finally, we mapped the prepositions presented by these councilors for the LGBTQIA+ community in their mandates. Based on Critical Discourse Analysis, the research revealed that language is an articulated set of signs serving to mean something and therefore, constructed in society with specific objectives, such that the act of injury is used to produce and maintain lesbophobic stigmas. The participation of lesbians in the political sphere is not just a matter of representation, but necessary for the construction of a fairer sociability. It is necessary to explore ways to create political environments free of violence, where people, with their differences, can contribute significantly to the advancement of democracy.
Palavra-chave: Participação política
Lésbicas
Lesbofobias
Palavra-chave em lingua estrangeira: Political participation
Lesbian
Lesbophobias
CNPq: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::SERVICO SOCIAL
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS)
Programa: Programa de Pós-Graduação em Política Social
Referência: FEITEN, Taise Fernanda. Conexões entre violências e participação política nos mandatos de vereadoras lésbicas eleitas em 2020 no Brasil. 2023. 134 f. Dissertação (Mestrado em Política Social) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Cuiabá, 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/6498
Data defesa documento: 14-Dez-2023
Aparece na(s) coleção(ções):CUC – ICHS – PPGPS – Dissertações de mestrado

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