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http://ri.ufmt.br/handle/1/6868
Tipo documento: | Dissertação |
Título: | Objetivação do sistema de gênero no contexto escolar e os processos identitários de crianças : um estudo em representações sociais |
Autor(es): | Fernandes, Pâmella de Almeida |
Orientador(a): | Andrade, Daniela Barros da Silva Freire |
Membro da Banca: | Andrade, Daniela Barros da Silva Freire |
Membro da Banca: | Novaes, Adelina de Oliveira |
Membro da Banca: | Oliveira, Ozerina Victor de |
Membro da Banca: | Grando, Beleni Salete |
Resumo : | Esta pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGE/UFMT-Cuiabá), junto ao Grupo de Pesquisa em Psicologia da Infância (GPPIN). Trata-se de um exercício de investigação baseado em uma perspectiva psicossocial, tendo como objetivo analisar como o sistema de gênero, inscrito no âmbito das trocas sociais inseridas no contexto escolar, orienta a construção de representações identitárias de crianças. O aporte teórico da investigação se fundamenta nas aproximações entre a Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1978; 1990; 2012; 2013; Jodelet, 2001), segundo a abordagem ontogenética (Duveen, 1995; 1998), e a Teoria Histórico-Cultural (Vigotski, 2000; 2009; 2010). A partir delas, estabelece um diálogo com as epistemologias feministas e os estudos de gênero, com foco na interseção entre o sistema de gênero e a Psicologia Social (Flores-Palacios, 2014). A investigação foi realizada em uma escola pública do município de Cuiabá-MT, em uma turma do terceiro ano composta por vinte e seis crianças e a professora regente. A metodologia adotada inspira-se na pesquisa do tipo etnográfica (André, 1995) e caracteriza-se como abordagem qualitativa. A produção de dados foi gerada a partir de duas etapas. A primeira consistiu na observação participante (André, 1995), com anotações em diário de campo e registros fotográficos. Na segunda etapa, foi realizada oficina socioafetiva (Andrade, 2019) com oito crianças, sendo quatro meninos e quatro meninas. A oficina foi composta por três fases: 1) produção de registros fotográficos pelas crianças; 2) grupo focal; e 3) realização de desenho pelas crianças. Os dados indicam que o sistema de gênero se objetiva nas práticas entre crianças, como no anúncio da divisão sexual das cores e formas dos artefatos culturais, na negociação da figura da Copa do Mundo por uma menina, nos desdobramentos a partir do choro da menina e do menino, na utilização do termo “dedo de mulher” como insulto, na ocupação específica dos espaços, como a quadra designada para os meninos e o pátio para as meninas. Na relação entre a docente e as crianças observou-se as objetivações do sistema de gênero na divisão dos lugares na sala de aula, com os lugares da frente destinados às meninas e o fundo aos meninos, no acolhimento do menino e na culpabilização da menina que se machucam na quadra, na imagem de meninas organizadas e calmas e os meninos desorganizados e agitados e também na orientação para o modo como as meninas devem se sentar para o registro fotográfico. Desse modo, o sistema de gênero ao se objetivar no contexto escolar, estrutura o ambiente de pensamento das crianças, refletindo na interpretação que elas elaboram sobre a realidade. As informações revelam que meninas e meninos internalizam no processo de construção identitária, representações sociais ancoradas no sistema de gênero, assim como as normas de conduta que o metassistema social regulador atribui à cada sexo. Essas apropriações parecem refletir nas formulações de conceitos sobre ser menina e ser menino, na atribuição dos espaços a cada sexo, delineando territórios de meninos e territórios de meninas e nos comportamentos de ambos diante de situações em que alguma criança não age conforme o padrão prescritivo para seu sexo. No entanto, os resultados demonstram que as crianças não apenas internalizam as normas de gênero, mas também contestam, resistem e negociam ativamente, constituindo suas identidades de maneira dinâmica em relação às influências do sistema de gênero. Desse modo, o metassistema de gênero regula as interações sociais estabelecidas no contexto escolar, por meio das prescrições sociais com base no sexo. À vista disso, o estudo apresentou argumentos que indicam a necessidade de a escola assumir o compromisso de garantir os direitos das crianças enquanto cidadãos de direito, bem como de promover a equidade de gênero para que possa contribuir para uma sociedade mais igualitária. |
Resumo em lingua estrangeira: | This research was developed in the Postgraduate Program in Education at the Federal University of Mato Grosso (PPGE/UFMT-Cuiabá), together with the Child Psychology Research Group (GPPIN). This is an investigation exercise based on a psychosocial perspective, aiming to analyze how the gender system, included in the scope of social exchanges within the school context, guides the construction of children's identity representations. The theoretical contribution of the investigation is based on the approximations between the Theory of Social Representations (Moscovici, 1978; 1990; 2012; 2013; Jodelet, 2001), according to the ontogenetic approach (Duveen, 1995; 1998), and the Historical-Cultural Theory ( Vygotski, 2000; From them, it establishes a dialogue with feminist epistemologies and gender studies, focusing on the intersection between the gender system and Social Psychology (FloresPalacios, 2014). The investigation was carried out in a public school in the city of Cuiabá-MT, in a third year class composed of twenty-six children and the leading teacher. The methodology adopted is inspired by ethnographic research (André, 1995) and is characterized as a qualitative approach. Data production was generated from two stages. The first consisted of participant observation (André, 1995), with notes in a field diary and photographic records. In the second stage, a socio-affective workshop (Andrade, 2019) was held with eight children, four boys and four girls. The workshop consisted of three phases: 1) production of photographic records by the children; 2) focus group; and 3) drawing by children. The data indicate that the gender system is objectified in practices among children, such as in the announcement of the sexual division of the colors and shapes of cultural artifacts, in the negotiation of the figure of the World Cup by a girl, in the developments following the girl's crying and of the boy, in the use of the term “woman's finger” as an insult, in the specific occupation of spaces, such as the court designated for boys and the courtyard for girls. In the relationship between the teacher and the children, the objectifications of the gender system were observed in the division of places in the classroom, with the front seats reserved for girls and the back for boys, in the welcoming of the boy and the blaming of the girl who they get hurt on the court, in the image of organized and calm girls and disorganized and agitated boys and also in the guidance on how girls should sit for photographic recording. In this way, the gender system, when objectified in the school context, structures the children's thinking environment, reflecting on the interpretation they elaborate on reality. The information reveals that girls and boys internalize, in the process of identity construction, social representations anchored in the gender system, as well as the norms of conduct that the regulatory social metasystem attributes to each sex. These appropriations seem to reflect in the formulation of concepts about being a girl and being a boy, in the attribution of spaces to each sex, delineating territories for boys and territories for girls and in the behaviors of both when faced with situations in which a child does not act in accordance with the prescriptive standard for your sex. However, the results demonstrate that children not only internalize gender norms, but also actively contest, resist and negotiate, dynamically constituting their identities in relation to the influences of the gender system. In this way, the gender metasystem regulates social interactions established in the school context, through social prescriptions based on sex. In view of this, the study presented arguments that indicate the need for schools to make a commitment to guaranteeing the rights of children as legal citizens, as well as promoting gender equality so that they can contribute to a more egalitarian society. |
Palavra-chave: | Representações sociais Sistema de gênero Identidade Crianças Educação |
Palavra-chave em lingua estrangeira: | Social representations Gender system Identity Children Education |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade Federal de Mato Grosso |
Sigla da instituição: | UFMT CUC - Cuiabá |
Departamento: | Instituto de Educação (IE) |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Educação |
Referência: | FERNANDES, Pâmella de Almeida. Objetivação do sistema de gênero no contexto escolar e os processos identitários de crianças: um estudo em representações sociais. 2024. 232 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Cuiabá, 2024. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://ri.ufmt.br/handle/1/6868 |
Data defesa documento: | 22-Mar-2024 |
Aparece na(s) coleção(ções): | CUC - IE - PPGE - Dissertações de mestrado |
Arquivos deste item:
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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