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Tipo documento: Tese
Título: Plantas medicinais e conhecimento tradicional ribeirinho : uma investigação etnobotânica e etnofarmacológica na Microrregião do Norte Araguaia, Mato Grosso, Brasil
Autor(es): Ribeiro, Reginaldo Vicente
Orientador(a): Martins, Domingos Tabajara de Oliveira
Membro da Banca: Martins, Domingos Tabajara de Oliveira
Membro da Banca: Guarim Neto, Germano
Membro da Banca: Balogun, Sikiru Olaitan
Membro da Banca: Jesus, Neyres Zínia Taveira de
Membro da Banca: Cechinel Filho, Valdir
Resumo : A Microrregião do Norte Araguaia de Mato Grosso é constituída por 14 municípios cobertos pela Amazônia e Cerrado, banhada principalmente pelos rios Araguaia e Xingu e detentora de enorme diversidade étnico-cultural. Objetivos: Levantar, identificar e registrar as espécies de plantas medicinais utilizadas pelos ribeirinhos que habitam a Microrregião do Norte Araguaia e selecionar plantas nativas para aprofundamento dos estudos químicos e farmacológicos através de consulta à literatura especializada. Materiais e Métodos: Tratou-se de um estudo etnobotânico, do tipo transversal, com amostragem não probabilística (n=60), onde foi empregado o método de snowball para a seleção dos ribeirinhos, reconhecidos localmente como especialistas locais no uso de plantas medicinais, distribuídos nos 14 municípios da Microrregião. As informações foram obtidas no período de julho a novembro de 2013, através de entrevistas, utilizando um formulário semiestruturado, contendo variáveis sócio demográficas, etnobotânicas e etnofarmacológicas. A importância relativa (IR), o fator de consenso do informante (FCI) e as análises de componentes principais (ACP) e de Qui-Quadrado (X2) foram empregadas para comparações entre grupos taxonômicos e sistemas corporais. A pesquisa só foi iniciada após cumprimento de todos os aspectos éticos, junto aos informantes e órgãos federais. Resultados: Os ribeirinhos entrevistados apresentaram idade entre 35-85 anos, a maioria (53,2%) oriundo de outras regiões do país que não o Centro Oeste, 55% do sexo masculino, 70% casados, 58,3% com 1-5 filhos, a maioria (51,7%) aposentados, 36,7% sobrevivem com no máximo um salário mínimo/mês, 45% brancos, 61,6% católicos e 75% aprenderam a usar as plantas medicinais com os familiares. Foram citadas 309 espécies vegetais, pertencentes a 85 famílias botânicas, das quais 73% foram nativas, sendo Fabaceae (11,3%), Lamiaceae (6,8%) e Asteraceae (5,8%) as mais representativas. O habito dominante foi o arbóreo (38,8%), as folhas foram a parte mais utilizada (28,9%) e a forma de preparo predominante foi a infusão (31,3%). As espécies com maior número de citações de uso foram Copaifera langsdorffii Desf. (133) Lafoensia pacari A.St.-Hil. (131) e Cecropia pachystachya Trécul. (126), sendo que as plantas reportadas na pesquisa foram indicadas para 18 das 22 categorias de doenças da CID-10, com maior destaque para doenças infecciosas e parasitárias (DIP, Capítulo I), com 16,6% das citações de uso. Entre as plantas referidas para essa categoria de doença (DIP), Chenopodium ambrosioides L. foi a espécie que apresentou maior citação de uso (50). Os valores de IR variaram de 0,1 a 1,9, sendo maiores para C. langsdorffii, C. pachystachya e L. pacari (1,9; 1,8 e 1,7, respectivamente). Quanto ao FCI, os maiores valores foram evidenciados para DIP (0,79), DSR, (0,79) e DSD (0,78), sendo que as plantas nativas mais citadas para tratar tais categorias de doenças foram Bidens pilosa L., Vernonia ferruginea Less e L. pacari, respectivamente. As ACPs demonstraram que as plantas da família Fabaceae foram as mais utilizadas para categorias de doenças mais recorrentes no estudo (DIP, DSG e DSD). Verificou-se ainda que os sistemas corporais SND, DSD, LEV, DIP, DSG, DSO, DSR e DMC mostram-se fortemente correlacionados entre si, de tal forma que tendem a ser tratados pelas mesmas plantas. As análises de X2 sugeriram que as categorias de doenças foram de alguma forma diferentes umas das outras em relação as espécies das famílias utilizadas para seus tratamentos. Das 9 plantas nativas investigadas, destacaram-se C. langsdorffii e Brosimum gaudichaudii, pois além de terem sido amplamente estudadas sob o ponto de vista fitoquímico e farmacológico, têm sido comercializadas como produtos farmacêuticos e possuem inclusive depósito de patente. Conclusão: Os especialistas locais ribeirinhos da Microrregião do Norte Araguaia utilizam uma ampla diversidade de plantas medicinais no autocuidado à saúde, com predomínio daquelas usadas nos tratamentos de DIP, sendo que o potencial terapêutico de alguns destas plantas tem sido cientificamente validado, entretanto, existem outras cujo efeito farmacológico e segurança ainda não foram devidamente investigados. Verificou-se ainda que os informantes não usam as plantas de forma aleatória, mas têm critérios bem estabelecidos para a seleção das espécies usadas com finalidades medicinais. Assim, o presente estudo além de servir de base para futuros estudos de bioprospecção química, farmacológica e agronômica, poderá contribuir para elaboração de estratégias de manejo, conservação e uso sustentável da flora medicinal da Microrregião.
Resumo em lingua estrangeira: The micro-region of North Araguaia of Mato Grosso consists of 14 municipalities covered under the Amazon and Brazilian Savanna, bathed mostly by the Araguaia and Xingu rivers and holds enormous ethnic and cultural diversity. Objectives: To survey, identify and record medicinal plants species used by riverine dwellers of the North Araguaia Microregion and select native plants for further chemical and pharmacological studies through consultation of literature. Materials and Methods: This was an ethnobotanical study, of cross-sectional type, by non-probability sampling (n = 60), in which snowball method was employed for the selection of riverine dwellers locally recognized as local experts in the use of medicinal plants, distributed in 14 municipalities of the Microregion. Information was obtained in the period from July to November 2013, through interviews, using a semi-structured form, containing socio- demographic, ethnobotanical and ethnopharmacological variables. The relative importance (RI), the informant consensus factor (ICF) and analysis of main components (APC) and Chi-Square (X2) were used for comparison among taxonomic groups and boy systems. The research was initiated only after compliance with all ethical aspects, together with the informants and federal agencies. Results: Riparian respondents presented aged between 35 to 85 years, majority (53,2%) come from other regions of the country other than the Midwest. 55% male, 70% were married, 58.3% with 1-5 children, majority (51,7%) retired, 36,7% survive with no more than a minimum wage / month, 45% white, 61.6% Catholics and 75% learned to use medicinal plants from their family members. 309 plant species belonging to 85 botanical families were cited. 73% of the plants were native, Fabaceae (11.3%), Lamiaceae (6.8%) and Asteraceae (5.8%) were the most representative. The dominant habit was tree (38,8%), the leaves were the part most used (28.9%) and the predominant form of preparation was infusion (31.3%). The species with the highest number of use citations were Copaifera langsdorffii Desf. (133) Lafoensia pacari A.St.-Hil. (131) and Cecropia pachystachya Trécul. (126), and the plants reported in the survey were indicated for 18 of the 22 categories of diseases ICD-10, most notably infectious and parasitic diseases (DIP, Chapter I), by 16.6% of the use of quotations. Among the plants mentioned for this category of disease (PID), Chenopodium ambrosioides L. was the species with the highest use of citation (50). IR values ranged from 0.1 to 1.9, with highest values C. langsdorffii, C. pachystachya and L. pacari (1.9, 1.8 and 1.7, respectively). As for the ICF, the highest values were evidenced for DIP (0.79), DSR (0.79) and DSD (0.78), being that most native plants to treat such cited disease categories were Bidens pilosa L., Vernonia ferruginea Less and L. pacari respectively. ACPs showed that the plants of the family Fabaceae were the most used for categories of diseases more recurrent in the study (DIP, DSG AND DSD). It was also found that the body's systems SND, DSD, LEV, DIP, DSG, DSO, DSR and DMC show to be strongly correlated among themselves, in such a way that tend to be treated by the same plants. The analyzes of X2 suggested that the categories of diseases were in some way different from each other in relation to the species of the families used for their treatments. Of the 9 native plants investigated, C. langsdorffii and Brosimum gaudichaudii were outstanding, because in addition to having been widely studied from phytochemical and pharmacological point of view, they have been marketed as pharmaceutical products and even have a patent registration. Conclusion: The riverine local experts in the microrregion of Northern Araguaia utilize a wide diversity of medicinal plants in health self-care, predominantly those used in the treatment of DIP. In fact, the therapeutic potential of some of these plants have been scientifically validated. However, there are others whose pharmacological effects and safety have not been properly investigated. It was also observed that the respondents do not use plants at random, but that it is based on well-established criteria for the selection of species used for medicinal purposes. Thus, the present study in addition to serving as a basis for future studies on chemical, pharmacological and agronomic bioprospecting may also contribute to development of management strategies, conservation and sustainable use of medicinal flora of the Microregion.
Palavra-chave: Etnobotânica
Snowball
Ribeirinhos
Plantas medicinais
Microrregião do Norte Araguaia
Palavra-chave em lingua estrangeira: Ethnobotany
Snowball
Riverrine dwellers
Medicinal plants
Norte Araguaia microregion
CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Faculdade de Medicina (FM)
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Referência: RIBEIRO, Reginaldo Vicente. Plantas medicinais e conhecimento tradicional ribeirinho: uma investigação etnobotânica e etnofarmacológica na Microrregião do Norte Araguaia, Mato Grosso, Brasil. 2016. 188 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Medicina, Cuiabá, 2016.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/2477
Data defesa documento: 8-Jul-2016
Aparece na(s) coleção(ções):CUC - FM - PPGCS - Teses de doutorado

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