Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/3493
Tipo documento: Tese
Título: Pode a mulher falar? Discursos de mulheres vítimas de abusos sexuais/estupro
Autor(es): Leite, Joana Rodrigues Moreira
Orientador(a): Jesus, Dánie Marcelo de
Membro da Banca: Jesus, Dánie Marcelo de
Membro da Banca: Barros, Solange Maria de
Membro da Banca: Takaki, Nara Hiroko
Membro da Banca: Marques, Ana Maria
Membro da Banca: Figueiredo, Débora de Carvalho
Resumo : Abusos sexuais/estupro de mulheres têm sido uma problemática social que merece atenção porque essa violência tem produzido seus efeitos nos corpos das vítimas, sobretudo, problemas psicológicos. Nesse sentido, tive o objetivo de analisar as formações discursivas (excertos) de seis mulheres moradoras de uma cidade do interior de Mato Grosso que sofreram abusos sexuais e/ou estupro, para verificar quais discursos se constituem em torno das práticas/relações de saber e poder entre os gêneros feminino e masculino; examinar quais enunciados as vítimas tecem sobre abusos sexuais/estupro e problematizar os efeitos da violência sexual nos corpos dessas mulheres. Para tanto, três perguntas tecem as problematizações: 1) De que modo as formações discursivas das vítimas/ sujeitas de pesquisa foram sendo tecidas em torno do assunto estupro? 2) Quais discursos prevaleceram nos enunciados destacados nas formações discursivas baseados nas relações de poder e saber entre os gêneros feminino e masculino? 3) Quais os efeitos do estupro na vida das mulheres vítimas dessa violência? A metodologia utilizada foi qualitativa-interpretativista na perspectiva de Flick (2009), que se entrelaça com a análise do discurso (FOUCAULT, 2008). Os dados foram gerados por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com as seis participantes. Sete temas recorrentes surgiram após a transcrição e observação dos dados, os quais são discutidos nesta tese: dificuldade de falar sobre o estupro; proximidade do abusador/estuprador; definição de estupro; medo, julgamento, culpa e silenciamento da vítima; denúncia do estupro; consequências atuais do estupro. Em consideração a tais temáticas, foi escolhida a base teórica com foco na Linguística Aplicada para dialogar com esses temas. As autoras e autores são de várias áreas das Ciências Sociais e Humanas, tais como: Gayatri Chakravorty SPIVAK (2010); Michelle PERROT (2017); Heleieth SAFFIOTI (2015); Débora Carvalho FIGUEIREDO (2000; 2002; 2014); Fernanda MUSSALIM (2003); Renata Floriano SOUSA (2017); Daniella Georges COULOURIS (2010); Arielle Sagrillo SCARPATI (2013); Sueann CAULFIELD (2000); Susan BROWNMILLER (1976); Lia Zanotta MACHADO (1998); VIGARELLO (1998); FOUCAULT (1979; 1984; 1987; 2008); SCOTT (2011), entre outras e outros. A problematização da pesquisa aponta para a dificuldade das vítimas de estupro falarem sobre assunto; o estuprador/ violentador tende a ser pessoa familiar ou amigo; a violência acontece dentro de casa; os estupros abordados, em sua maioria, aconteceram na infância ou adolescência; na fase adulta, também envolveram conhecidos, tais como amigos ou maridos. Nos discursos das participantes, surgiram elementos linguísticos em torno de: moralidade, religiosidade, silenciamento familiar, naturalização da violência, ausência de denúncia, perdão ao violentador, machismo familiar, submissão, culpa e culpabilização, vergonha. Nessa conjunção de violência e abuso, os efeitos do estupro trazem mais sequelas psicológicas do que físicas no corpo das vítimas.
Resumo em lingua estrangeira: Sexual abuse / rape of women has been a social issue which deserves attention once this violence has produced its effects on the bodies of victims, especially psychological problems. Thus, I aimed at analyzing the discursive formations (excerpts) produced by six women living in a city in the interior of the State of Mato Grosso, who had suffered sexual abuse and / or rape. The intention was to verify which discourses were constituted around the practices / relationships of knowledge and power between the female and male genders; to examine which statements are produced by the victims about sexual abuse / rape and discuss the effects of sexual violence on the bodies of those women. Therefore, three questions organize the problematization: 1) How were the discursive formations of the victims / subjects of research being organized around the rape subject matter? 2) Which discourses prevailed in the statements highlighted in the discursive formations based on the power and knowledge relationships between the female and male genders? 3) What are the effects of rape on the lives of victims of this violence? The qualitative-interpretative methodology, in the perspective of Flick (2009), intertwined with the discourse analysis of Foucault (2008) was used. The data were generated through semi-structured interviews conducted with the six participants. Seven recurring themes emerged after the transcription and observation of the data, which are discussed in this thesis: difficulty in talking about rape; proximity to the abuser / rapist; definition of rape; fear, judgment, guilt and silencing the victim; reporting the rape; current consequences of rape. In consideration of such themes, the theoretical basis with emphasis on Applied Linguistics was chosen to dialogue with these themes. The female authors and male authors are from several areas of Social and Human Sciences, such as: Gayatri Chakravorty SPIVAK (2010); Michelle PERROT (2017); Heleieth SAFFIOTI (2015); Débora Carvalho FIGUEIREDO (2000; 2002; 2014); Fernanda MUSSALIM (2003); Renata Floriano SOUSA (2017); Daniella Georges COULOURIS (2010); Arielle Sagrillo SCARPATI (2013); Sueann CAULFIELD (2000); Susan BROWNMILLER (1976); Lia Zanotta MACHADO (1998); VIGARELLO (1998); FOUCAULT (1979; 1984; 1987; 2008); SCOTT (2011), among others.The problematization of the research points at the difficulty rape victims demonstrate to talk about the subject; the rapist tends to be a family person or friend; violence happens at home; the addressed rapes, mostly, occurred in childhood or adolescence; in adulthood, they also involved acquaintances, such as friends or husbands. In the discourses of the participants, linguistic elements emerged around: morality, religiosity, family silence, naturalization of violence, absence of denunciation, forgiveness to the abuser, family chauvinism, submission, guilt and shame. In this scope of violence and abuse, the effects of rape have more psychological effects than physical consequences on the victims’ bodies.
Palavra-chave: Estupro
Mulheres
Discurso
Palavra-chave em lingua estrangeira: Rape
Women
Discourse
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Instituto de Linguagens (IL)
Programa: Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Referência: LEITE, Joana Rodrigues Moreira. Pode a mulher falar? Discursos de mulheres vítimas de abusos sexuais/estupro. 2020. 245 f. Tese (Doutorado em Estudos de Linguagem) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagens, Cuiabá, 2020.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/3493
Data defesa documento: 30-Nov-2020
Aparece na(s) coleção(ções):CUC - IL - PPGEL - Teses de doutorado

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