Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/4347
Tipo documento: Dissertação
Título: Cuiabá das crianças? : representações sociais de urbanistas sobre a criança no espaço urbano
Autor(es): Shiraishi, Gustavo Henrique Kenji
Orientador(a): Andrade, Daniela Barros da Silva Freire
Membro da Banca: Andrade, Daniela Barros da Silva Freire
Membro da Banca: Grando, Beleni Salete
Membro da Banca: Lima, Rita de Cassia Pereira
Resumo : Este estudo, desenvolvido a partir dos debates realizados pelo Grupo de Pesquisa em Psicologia da Infância (GPPIN), objetivou contribuir para as reflexões sobre a relação da criança com a cidade na perspectiva psicossocial, considerando as representações sociais de arquitetos urbanistas que atuam em Cuiabá-MT. Adotaram, na discussão teórica, os pressupostos da Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 2003, 2012, 2013; JODELET, 2001; MARKOVÁ, 2016; ARRUDA, 2002; JOVCHELOVITCH, 2008, 2011; DUVEEN, 2003) em articulação com a polifasia cognitiva (JOVCHELOVITCH, 2008) e o projeto representacional (BAUER E GASKELL, 1999, 2008; MARKOVÁ, 2016, 2017) na interface com as representações socioespaciais (JODELET, 1982, 2001; DE ALBA, 2011) e com as contribuições da Teoria Histórico-Cultural (VIGOTSKI, 2010; PRESTES 2010;). Articularam-se os referenciais citados ao debate sobre participação das crianças no espaço da cidade (TONUCCI, 2005, 2014, 2016) e sobre Geografia da Infância (LOPES, 2017, 2019), destacando o reconhecimento da contribuição das crianças, espacialmente localizadas em um tempo e lugar. As noções sobre lugar e sua produção de afetos (TUAN, 1980, 1983) possibilitaram reflexões sobre a relação da pessoa com o espaço público. As concepções do espaço urbano e a sensibilidade do corpo nesses espaços (SENNETT, 2014) dialogaram com a construção de uma cidade que deveria ser pensada a partir de seu coletivo (HARVEY, 2012). O desenho metodológico se constituiu 1. análise documental do Plano Diretor da cidade de Cuiabá-MT, apoiando-se na perspectiva compreensiva e 2. análise das entrevistas online (MENDES, 2009) com arquitetos urbanistas, pautando-se dos pressupostos dos Núcleos de significação (AGUIAR; OZELLA, 2006). Os dados anunciam as representações da cidade de Cuiabá-MT a partir de dois núcleos de significação: 1. A criança como o outro e 2. Eu-criança, os quais se constituem por meio de duas focalizações pertencentes a redes de significados antagônicos. No primeiro núcleo, os urbanistas analisaram a relação da criança com a cidade, orientando-se por uma análise técnica, anunciando a significação da cidade “trajeto”, cidade “pastiche”, “faroeste urbano” e cidade do “dane-se o resto” cujo maior protagonista é o capital objetivado na imagem dos carros. Percebeu-se a criança como consumidora passiva da cidade, pré-cidadã, cujo papel social ficou reduzido à representação de aluno e membro da sociedade de bem-estar, passível de cuidado e proteção. Representou-se a criança de modo estereotipado e se pensaram os espaços da cidade para uma infância que ocupa lugares setorizados (parquinhos e escola), marcados pelas cores primárias, assim como também demonstrou a análise documental do Plano Diretor da cidade. O segundo núcleo se apresentou como um processo reflexivo, os urbanistas anunciaram a cidade possível a partir da perspectiva das crianças ancorada nos princípios da amorosidade espacial para o qual a cidade possui potencial de pertencimento e de identificação, uma cidade cidadã na qual as crianças circulam nos lugares e os transformam em oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento. A análise de ambas focalizações permitiu identificar o pensamento polifásico delineado pelos discursos técnico e crítico em contraposição aos discursos orientados pela história de vida e pelos afetos que os constituíram na relação com a cidade da infância até a vida adulta quando se tornaram urbanistas. Concluiu-se que, para os urbanistas consultados, a cidade das crianças não se constitui um objeto de representação social quando analisada segundo a norma da objetividade (a criança como o outro). Quando se analisou a expressão “cidade das crianças”, segundo a norma da originalidade (eucriança), os urbanistas acessam intuitivamente fundamentos científicos importantes que revelam o seu potencial de reificação. A representação social sobre criança no espaço urbano, na perspectiva da amorosidade espacial, só foi possível quando os urbanistas se permitiram pensar como adultos atípicos.
Resumo em lingua estrangeira: This study, developed from the debates carried out by the Research Group on Childhood Psychology (GPPIN), aimed to contribute to reflections on the relationship between children and the city in the psychosocial perspective, considering the social representations of urbanist architects who work in Cuiabá- MT. They adopted, in the theoretical discussion, the assumptions of Social Representations Theory (MOSCOVICI, 2003, 2012, 2013; JODELET, 2001; MARKOVÁ, 2016; ARRUDA, 2002; JOVCHELOVITCH, 2008, 2011; DUVEEN, 2003) in conjunction with cognitive polyphasia (JOVCHELOVITCH, 2008) and the representational project (BAUER AND GASKELL, 1999, 2008; MARKOVÁ, 2016, 2017) in interface with socio-spatial representations (JODELET, 1982, 2001; DE ALBA, 2011) and with the contributions of the Historical-Cultural Theory (VIGOTSKI, 2010; PRESTES 2010). References cited to the debate on children's participation in the city space (TONUCCI, 2005, 2014, 2016) and on Childhood Geography (LOPES, 2017, 2019) were articulated, highlighting the recognition of the contribution of children, spatially located in a time and place. The notions about place and its production of affections (TUAN, 1980, 1983) allowed reflections on the person's relationship with the public space. The conceptions of urban space and the sensitivity of the body in these spaces (SENNETT, 2014) dialogued with the construction of a city that should be thought from its collective (HARVEY, 2012). The methodological design consisted of 1. document analysis of the Master Plan for the city of Cuiabá-MT, based on a comprehensive perspective and 2. analysis of online interviews (MENDES, 2009) with urbanists architects, based on the assumptions of the Meaning Core (AGUIAR; OZELLA, 2006). The data announces the representations of the city of Cuiabá-MT from two meaning cores: 1. The child as another and 2. I-child, which are constituted through two focalizations belonging to networks of antagonistic meanings. In the first nucleus, the urban planners analyzed the child's relationship with the city, guided by a technical analysis, announcing the meaning of the city "path", city "pastiche", "urban western" and city of "damn the rest" whose main protagonist is the capital objectified in the image of cars. The child was perceived as a passive consumer of the city, pre-citizen, whose social role was reduced to the representation of student and member of the welfare society, subject to care and protection. The child was represented in a stereotyped way and the spaces of the city were thought for a childhood that occupies sectored places (playgrounds and school), marked by primary colors, as well as the documentary analysis of the city's Master Plan. The second nucleus was presented as a reflective process, the urban planners announced the possible city from the perspective of children anchored in the principles of spatial lovingness for which the city has the potential of belonging and identification, a citizen city in which children circulate in places and transform them into opportunities for learning and development. The analysis of both focalizations allowed us to identify the polyphasic thinking outlined by the technical and critical discourses in contraposition to the discourses guided by the history of life and by the affections that constituted them in the relationship with the city from childhood to adulthood when they became urbanists. It was concluded that, for the urbanists consulted, the children's city does not constitute an object of social representation when analyzed according to the norm of objectivity (the child as another). When analyzing the expression “children's city”, according to the norm of originality (I-child), urbanists intuitively access important scientific foundations that reveal its potential for reification. The social representation of children in urban space, from the perspective of spatial lovingness, was only possible when urban planners allowed themselves to think like atypical adults.
Palavra-chave: Representações sociais
Representações socioespaciais
Cidade
Crianças
Infâncias
Palavra-chave em lingua estrangeira: Social representations
Sociospatial representations
City
Children
Childhoods
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Instituto de Educação (IE)
Programa: Programa de Pós-Graduação em Educação
Referência: SHIRAISHI, Gustavo Henrique Kenji. Cuiabá das crianças?: representações sociais de urbanistas sobre a criança no espaço urbano.2022. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Cuiabá, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/4347
Data defesa documento: 28-Jul-2022
Aparece na(s) coleção(ções):CUC - IE - PPGE - Dissertações de mestrado

Arquivos deste item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
DISS_2022_Gustavo Henrique Kenji Shiraishi.pdf1.39 MBAdobe PDFVer/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.