Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://ri.ufmt.br/handle/1/5167
Tipo documento: Tese
Título: A democracia confiscada : a constituição do inconsciente neoliberal no discurso do sujeito midiático Veja (1985-­1994)
Autor(es): Rossatti, João Paulo
Orientador(a): Reis, Anderson Roberti dos
Membro da Banca: Sotana, Edvaldo Correa
Membro da Banca: Almeida, Rodrigo Davi
Membro da Banca: Reis, Anderson Roberti dos
Membro da Banca: Pereira, Mateus Henrique de Faria
Membro da Banca: Freitas Neto, Jose Alves de
Resumo : O que é um sujeito? O que é um veículo de comunicação? É possível abordar metodologicamente um veículo de comunicação jornalística tal como a psicanálise aborda um sujeito? Se for mesmo possível lê­la como um sujeito, esse possui alguma ideologia? Como devemos entender o conceito de ideologia e qual a sua importância para a constituição subjetiva dos sujeitos de carne e de papel? A revista Veja tem ideologia? Foi com essas questões em mente que inicialmente abordei meu objeto de pesquisa, a revista Veja. Para conseguir extrair alguma resposta – como espero deixar claro ao longo do texto – dividi esta tese em três partes. Na primeira, Do crítico, faço o desenvolvimento metodológico do conceito de sujeito midiático, é ele que me serviu como suporte para analisar a revista Veja e a partir dele indico que, sobretudo para veículos de comunicação impressa, é possível compreender como os sujeitos midiáticos não só possuem uma ideologia, como essa opera no nível da ontologia; ou seja, a identificação com a fantasia fundamental do discurso ideológico é essencial para a própria existência do sujeito. Nessa primeira parte mostro também como essa ontologia ideológica precisa, durante o processo de subjetivação do sujeito midiático, ser recalcada, transmutando­se assim em uma deontologia do fazer jornalístico cujo resultado é a capacidade de “educar os sentidos” dos leitores. Na segunda parte do texto, Dos críticos, eu procuro identificar como a ideologia, a partir da definição žižekiana do conceito, não deve ser entendida como um véu encobridor que nos impede o acesso à “verdadeira” realidade, mas opera como a mediação necessária para ter acesso a essa mesma realidade. Com isso em mente, avanço a um segundo momento do argumento; isto é, como a ideologia neoliberal se entranhou como fantasia estruturante da realidade nos tempos que correm. Após construir essa base metodológica chego, enfim, à terceira parte, Dos criticados, nela investigo como a revista Veja, nosso sujeito sob análise, entre o início da Nova República, em março de 1985, e a eleição presidencial de 1994 (esta já sob o signo neoliberal do Plano Real) se tornou um dos irradiadores do discurso ideológico base do inconsciente neoliberal. Para fazer isso empreendo uma leitura cruzada de editoriais e reportagens da Veja com as obras de importantes autores do neoliberalismo austro­americano (Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Milton Friedman, Israel Kirzner) na intenção de demonstrar como essas ideias já estavam lá (!) e que sua repetição constante (não só na Veja) foi essencial para a disseminação e incorporação da fantasia ideológica em sua faceta neoliberal que teve como consequência o confisco da própria ideia que fazemos do que é democracia (definida aqui como democracia hayekiana). Ao fim, o que procurei demostrar foi o como esse sujeito midiático foi um dos entes mais importantes na disseminação da discursividade ideológica neoliberal e contribuiu para “educar os sentidos” do seu público leitor dentro das coordenadas do inconsciente neoliberal. Termino o texto com uma conclusão que mais abre questões do que realmente encerra a tese, afinal, é possível a democracia hayekiana, fundamentada nos postulados do neoliberalismo, não produzir um laço social cuja afecção fundamenta l não seja o ódio? E isso não significa, assim, a própria “brasilianização” do mundo? Ainda não sei responder essas perguntas, apenas posso dizer que toda vez que “o futuro se impõe”, o “passado não se aguenta”.
Resumo em lingua estrangeira: What is a subject? What is a communication vehicle? Is it possible to methodologically approach a journalistic communication vehicle in the same way as psychoanalysis approaches a subject? If it is even possible to read it as a subject, does it have any ideology? How should we understand the concept of ideology and what is its importance for the subjective constitution? Does Veja magazine have an ideology? If so, is it neoliberal or what? When did Brazil become neoliberal? It was with these questions in mind that I initially approached my object, Veja magazine. To extract an answer – as I hope to make clear throughout the text – I divided this thesis into three parts. In the first, I develop the methodological development of the concept of media subject, it is he who serves me as a support to analyze Veja magazine, and from it, I indicate that, especially for printed communication vehicles, it is possible to understand how media subjects not only have an ideology, as it operates at the level of ontology, that is, identification with the fundamental fantasy of ideological discourse is essential for the very existence of the subject; In this first part, I also show how this ideological ontology needs, during the process of subjectivation of the media subject, to be repressed, thus transmuting into deontology of journalistic work whose result is the ability to “educate the senses” of readers. In the second part of the text, I try to identify how ideology, from the žižekian definition of the concept, should not be understood as a veil that prevents us from accessing the “true” reality but operates as the necessary mediation to have access to this reality. same reality; With this in mind, I move on to the second moment of this part's argument, that is, how neoliberal ideology has become entrenched as a structuring fantasy of reality these days. After building this methodological and analytical basis, I finally come to the third part, in which I analyze how the magazine Veja, our subject under analysis, between the beginning of the New Republic, in March 1985, and the presidential election of 1994 (this one under the neoliberal sign of the Plano Real), became one of the radiators of the ideological discourse based on the neoliberal unconscious. Friedman, Israel Kirzner) to demonstrate how these ideas were already there (!) and that their constant repetition (not only in Veja) was essential for the dissemination and incorporation of the ideological fantasy in its neoliberal facet that resulted in the confiscation of the own idea of what democracy is (defined here as Hayekian democracy). I end the text with a conclusion that opens more questions than ends the thesis, after all, is it possible for Hayekian democracy (based on the postulates of neoliberalism) not to produce a social bond whose fundamental affection is hatred? And doesn't this mean, then, the very Brazilianization of the world? I still don't know the answer, I can only say that every time “the future imposes itself” the “past cannot hold”.
Palavra-chave: Sujeitos midiáticos
Ideologia
Democracia
Neoliberalismo
Palavra-chave em lingua estrangeira: Media subjects
Ideology
Democracy
Neoliberalism
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Sigla da instituição: UFMT CUC - Cuiabá
Departamento: Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD)
Programa: Programa de Pós-Graduação em História
Referência: ROSSATTI, João Paulo. A democracia confiscada: a constituição do inconsciente neoliberal no discurso do sujeito midiático Veja (1985-1994). 2022. 469 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Geografia, História e Documentação, Cuiabá, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://ri.ufmt.br/handle/1/5167
Data defesa documento: 17-Oct-2022
Aparece na(s) coleção(ções):CUC - IGHD - PPGHis - Teses de doutorado

Arquivos deste item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TESE_2022_João Paulo Rossatti.pdf4.14 MBAdobe PDFVer/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.